Um grande devaneio meu...

Sou adepta de dormir, adoro dormir, adoro estar na cama sem fazer nada, apenas ficar na quentinho aconchegada, principalmente ao Domingo.
Sou também adepta do Dolce Far Niente, se sou, é das melhores coisas que se pode ter, a doçura de não fazer nada, viver os prazeres da vida… de todos eles… mas com conta peso e medida…
Mas para mim tudo o que seja de extremos começa a chatear, bem sei que por vezes a vida prega-nos rasteiras, e a nossa vida muda inevitavelmente, a nossa rotina muda ou simplesmente deixa de existir, deixam de existir regras, horários, tudo… muda tudo…
Quando vivemos sozinhos, talvez isto tudo não afecte nada, é apenas uma forma de adaptação a uma vida vazia e desocupada, mas quando vivemos ou convivemos com outras pessoas, não podemos deixar que essa falta de horários, falta de rotinas, falta de simples regras como a hora de refeições se perca, ainda por mais se outrora, quando tínhamos uma rotina, nos chateávamos por essas regras serem quebradas.
Deitarmo-nos às 5 ou 6 horas da manha, e levantarmo-nos às 15 ou 16 horas da tarde, todos os dias ainda por mais acordarem todos os dias com um humor de cão, completamente intragáveis, quando não fazemos nada em casa, nem comida, nem limpamos, deixamos a loiça durante uma semana no lava-loiças, não nos entretermos com nada, nem com filmes, nem com jogos, nem com qualquer coisa que nos ajude a passar o tempo nos entretenha, e que nos ajude a ter um dia normal, ao invés de andarmos no sentido contrario de toda a gente, onde somos consumidores assíduos da net mais net mas tv mais net…
Isto vai acabar por entrar em conflito com a vida da outra pessoa que convive connosco, e vai fazer tanta pressão, porque não se trata de um dia, mas de todos os dias, que a outra pessoa acaba por começar a ficar saturada, chateada de uma vida tão desprovida, tão monótona, e vermos que não há a mínima preocupação para mudar isso, já nem sequer não importamos. Não temos actividades que nos façam ter uma vida normal, que nos faça deitar a uma hora razoável, acordarmos e ainda podermos dizer bom dia e não boa tarde, conseguiremos almoçar e ainda ver o telejornal das 13 horas, e às 15 horas já estarmos na rua a beber o café, principalmente aos fins-de-semana, que é quando estamos mais tempo com outras pessoas, quando as outras pessoas têm o seu tempo, quando não estão fechadas entre 4 paredes como durante a semana.
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Dizemos tantas vezes que sabemos perfeitamente o que é uma vida a dois, quando essa vida a dois foi alvo de um tremendo insucesso e fracasso, e se formos suficientemente humildes e olharmos para o que era e para o que é agora de ambas as partes, talvez a nossa visão de uma vida a dois esteja um pouco turva, ofusca, e dar a mão à palmatória e ver que talvez uma vida a dois não é bem do jeito que pensávamos, em vez de vangloriarmo-nos de um grande insucesso… uma vida a dois, significa que há duas pessoas, e essas duas pessoas tem de ter tempo em comum, para terem actividades em comum para conviverem como um casal, não podemos ser egoístas e agir como um só, temos de nos preocupar não só connosco mas com o outro, isto é crucial, apesar de certas pessoas acharem que não, que o normal é um casal viver as suas vidas em separados e lá de vez enquanto se encontrarem, e agirem por magia como se fossem um casal muito querido e enamorado, quando as mazelas vão ficando maiores, não podemos fazer só aquilo que queremos, temos de ver se o que queremos não vai interferir com o “nós”… temos de respeitarmo-nos enquanto casal, como dois, e tentar que as coisas funcionem, aproveitar os momentos a dois, convivermos, deixarmos de ser tolinhos e parvinhos, afectados por uma vida sem vida, e fazer disso um incentivo para proporcionar momentos de descontracção, lazer e prazer, às pessoas de quem gostamos, quando elas podem… porque apesar de nós não termos nada para fazer, não termos horários, rotinas, as outras pessoas tem… e às vezes basta estar presente em vez de estarmos a dormir e as outras pessoas acordadas… tudo o que é de extremos e constante chateia… devíamos pensar se estivéssemos a lidar com uma pessoa assim qual seria a nossa reacção… muito provavelmente éramos os primeiros a apontar o dedo e a criticar aquela vida… mas apontarmos o dedo a nos próprios é complicado… e assumirmos que a nossa atitude perante a vida neste momento não é a melhor…
Tudo isto não me mata mas moi....

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