Saudades

"Uma pessoa habitua-se a tudo, mas nunca se habitua à morte em si mesma, à ideia de que aquelas pessoas desaparecem mesmo, de que nunca mais as voltaremos a ver, a sentir-lhes o cheiro da pele, o calor das mãos, o riso. Se lhes telefonarmos, não atendem, se formos a casa delas, não nos abrem a porta, se lhes escrevermos, não nos respondem."

Margarida Rebelo Pinto, Português Suave


Quase que já passou um ano, e ainda não me habituei à ideia de a minha avó ter partido, há dias que pego no telefone e telefono para o numero dela, sei a resposta que tenho é a senhora da PT a dizer que o numero não esta valido seguindo-se de um bip-bip, a linha esta desactivada, mas tenho que o fazer é mais forte do que eu, quando marco o numero, fecho os olhos, e por breves momentos oiço a voz dela a dizer-me que me manda não um mas um comboio de bjinhos como era habitual, depois caio na realidade e desligo.. não passou de um forte desejo de a ver novamente de a ouvir e de senti-la perto de mim… que saudades. Quando ia à terra a primeira coisa que fazia era ir vê-la, quando chegava batia à porta, o meu toque era só meu, ela sabia logo que era eu não havia duvidas, ficava contente e abria-me a porta feliz, era notório em si a felicidade, tal e qual como em mim, a seguir enchia-a com bjinhos e miminhos. Hoje em dia é diferente a morada dela já não é a mesma, mas mesmo assim antes de meter a chave à porta bato, e lá vem o desejo de novo, de que ela me venha abrir a porta e de que ainda ali esteja a sorrir e à espera dos meus bjinhos… por isso este excerto da Margarida Rebelo Pinto faz todo o sentido para mim… jamais me irei habituar à ideia de nunca mais ver a minha avó, apenas sei que terei que conviver e viver com isso…

Comentários

  1. Na verdade... Nunca passa! Perdi a minha há quase 6 anos e nunca passa a sensação de vazio ou os hábitos tais como telefonar, visitar! Começamos sim a encarar de forma diferente... Não há dia que passe que se não pense na Avó, nem há dia que passe que não déssemos tudo para a ver mais uma vez, não é? A sua Sabedoria, o seu Carinho, o Rosto cheio de rugas e, ainda assim, o mais lindo que havia...

    Coragem! Um dia dás por ti a contar histórias da Avó com um sorriso e não com a lágrima no olho!

    Bonito (Doce) blog!

    Valeu a pena clicar =)

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  2. Obrigada! É um blog-bebé, o meu, mas sabe bem, por vezes, desabafar em género de monólogo =D

    Volta sempre (farei o mesmo)! =)

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